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Vozes Livres de Mação

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Vozes Livres de Mação

Vozes Livres de Mação

22
Abr10

EURICO BRITO LOPES

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Tal como ia vivendo por aí, sem incomodar ninguém, o Eurico também partiu sem ninguém incomodar, não necessitou do serviço do INEM, não quis incomodar.

Encontrava-o, com frequência, sentado num dos bancos do Jardim Lino Neto, desfrutando o nosso sol e, talvez,  recordando a sua juventude em Cabo Verde.

Apareceu por Mação há muitos anos, por volta de 1975, acompanhado de um patrício falecido prematuramente.

Vieram para trabalhar nas obras de construção do Bairro do Calvário. Por cá foram ficando. O amigo morreu novo e o Eurico manteve-se a trabalhar no que podia e no que ia aparecendo.

Nos últimos anos dedicava-se a uns biscates na agricultura. Tinha empregadores certos, que muito apreciavam as suas qualidades de trabalhador, quando estava sóbrio.

Não se sabe como vivia, quem o cuidava, quem o alimentava. Nos tempos de ócio e quando lhe sobravam uns dinheiros nos bolsos, dedicava-se aos prazeres de Baco. Excedia-se na bebida. Demasiado.

Talvez uma dessas muitas instituições e departamentos que por cá existem, não apenas para dar empregos, olhassem de quando em vez pelo Eurico, não se sabe. O Eurico morreu só e desamparado. Não sei se alguém terá vertido uma única lágrima em sua memória, mas creio que, os ocasionais patrões que por Mação foi arranjando, lhe desejaram na  sua nova vida, tempos melhores do que aqueles que por aqui teve.

 

 

Jonas de Vale Grou