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Vozes Livres de Mação

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14
Mar06

Internacionalização da Marca

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Os industriais de carnes de Mação querem certificar os presuntos e enchidos da região, para conquistar novos mercados e enfrentar a concorrência estrangeira. A produção do concelho representa 70 por cento do total nacional. prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />


O objectivo é reforçar a posição no mercado nacional com “um produto de excelência” e partir à conquista de novas oportunidades de negócio, em países até agora pouco explorados, como os da “Europa do Norte, os PALOP e o Brasil”, refere Fernando Monteiro, porta-voz dos empresários.


Acarinhada e incentivada pela Câmara Municipal, a cura do presunto é uma tradição secular em Mação e um dos principais sectores de actividade do município. Agora é preciso apostar na união e na certificação, por forma a atingir outros patamares.


Para começar, os industriais formaram uma associação. O passo seguinte será dado com a criação de uma imagem de marca. “Os parâmetros de qualidade estão definidos. Falta determinar a marca, o logotipo e começar a fazer passar a mensagem”, adianta Saldanha Rocha, presidente do município.


De acordo com o autarca, os industriais de carnes de Mação “importam todos os anos oito mil toneladas de perna para curar” e facturam perto de 40 milhões de euros.


Nos enchidos, além do paio do lombo, do paínho e da morcela, destaca-se o maranho. “É o concelho que mais quilos de maranhos produz.”


Saldanha Rocha não tem dúvidas quanto à qualidade destes produtos. No entanto, está consciente das exigências do mercado global e empenhado em ajudar os empresários a afirmarem-se pela via da qualidade. “Vamos convidar entidades credíveis para nos ajudarem e espero que o processo de certificação esteja concluído até ao final do ano”, concluiu o autarca.


ESPANHÓIS ENSINAM AS TÉCNICAS


A indústria de transformação de carnes emprega perto de 300 pessoas no concelho de Mação, que estão distribuídas pelas nove principais empresas. Cinco são grandes empresas, duas médias e duas são pequenas, informou o presidente da Câmara Municipal, Saldanha Rocha. Para os auxiliar no aperfeiçoamento do processo de produção de presunto, a autarquia promoveu uma visita a Guijuelo, uma localidade espanhola que vive essencialmente deste tipo de actividade. “Foi importante ver como eles trabalham, como se organizam e a forma como fazem a certificação e a divulgação do produto”, disse Fernando Monteiro, veterinário municipal e porta-voz dos industriais de Mação.


O presunto de Guijuelo tem Denominação de Origem desde 1986 e é produzido por 72 empresas certificadas. Segundo Fernando Monteiro, só esta região produz “ prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />30 a 40 vezes mais presunto que Portugal inteiro”.


Francisco Pedro, Leiria (Correio da Manhã)


 


Produtos Tradicionais Portugueses - Produção e comercialização


Os produtos tradicionais portugueses respondem a todos os requisitos actualmente colocados pelos consumidores, mantendo-se orgulhosamente fiéis às matérias-primas e aos ingredientes e auxiliares que lhes reforçam sabores e aromas. E, não obstante, verificarem-se adaptações nos processos de fabrico - perfeitamente aceitáveis, senão desejáveis - os produtos tradicionais portugueses têm a vindo a granjear tal reputação que são mesmo conhecidos pelos seus nomes.


Os produtos tradicionais portugueses respondem, a todos os quesitos actualmente colocados pelos consumidores, porquanto: têm uma origem conhecida e comprovável, não só pelas indicações constantes da rotulagem, mas também através do sistema de controlo apropriado a que se sujeitam; têm uma “qualidade” específica, diferenciada e ligada à sua origem geográfica e ao saber fazer tradicional que, a muitos deles, já permitiu o reconhecimento nacional e comunitário; as suas características sensoriais (gosto, aroma, textura, suculência, tenrura, etc.) afastam-se absolutamente dos produtos correntes no mercado globalizado, onde todos os produtos correspondem a padrões “mundiais”, tentando agradar a um consumidor-padrão, que ninguém sabe quem é nem quem representa; as matérias-primas com que são produzidos são obtidas a partir de raças e variedades autóctones ou, pelo menos, muito bem adaptadas região de produção, o que assegura não só o respeito pela biodiversidade mas, também, o respeito pelas boas práticas agrícolas, sustento e protecção de um ambiente saudável; os ingredientes usados são todos eles naturais e as técnicas de produção são as ancestrais, desde a alimentação e maneio dos animais, até às operações tecnológicas de corte, salga, fermentação, cura, fumagem, secagem ao ar ou ao sol, conhecidas e usadas desde tempos imemoriais; são objecto de acções específicas de controlo em todas as fases do seu ciclo produtivo, desde as matérias-primas até aos locais de venda, passando pelos circuitos de transporte, armazenagem, fabrico, maturação ou pelas fase de ordenha, abate, desmancha, acondicionamento, etc., consoante o necessário para verificar o cumprimento integral das disposições do respectivo Caderno de Especificações, cuja análise e aceitação estiveram na base do reconhecimento de seu nome e respectiva protecção jurídica; São seguros, na medida em que desde há séculos uns, há dezenas de anos outros, se mantêm no mercado, agradando aos seus consumidores e contribuindo para uma alimentação sã e equilibrada. Mas, e muito curiosamente, os produtos tradicionais portugueses mantêm-se orgulhosamente fiéis às matérias-primas e aos ingredientes e auxiliares que lhes reforçam sabores e aromas, citando-se como exemplo, o uso em doses “imoderadas”: Para os queijos, do leite cru – sempre que possível, das raças autóctones - e do cardo ou do coalho animal; para os enchidos e presuntos, da carne de porco alentejano ou a carne de porco bísaro, do alho, da massa de pimentão ou do colorau e do vinho- branco ou tinto, consoante os usos. Alegremente combinados com o uso de tripa natural para os enchidos e ensacados e com as lenhas de azinho e oliveira, fornecedoras de uma fumagem lenta e cuidadora, proporcionadora de aromas únicos e ancestrais; para os azeites, das variedades tradicionais portuguesas, como a Galega, a Verdeal, a Cordovil, a Cobrançosa, a Lentisca, a Verdeal Transmontana e a Madural, que estão na base da sua tipicidade e dos seus “gostos” genuínos; para as frutas, das variedades autóctones ou muito bem adaptadas, sendo exemplo das primeiras a Rocha para as pêras do Oeste e Esmolfe para as maçãs.


“velhos produtos” e “modernas técnicas”


No entanto também se verificam adaptações nos processos de fabrico, que permitem sobretudo minorar a penosidade de certas tarefas ou aumentar a vida útil dos produtos. Como exemplo, podem ser referidas a colheita e a ordenha mecânica, prensagem de queijos, o corte mecânico de carnes, a conservação prolongada pelo frio, a apresentação de queijos e produtos à base de carne em pedaços ou fatiados, desde que pré-embalados na origem, etc. Estas e outras adaptações são perfeitamente aceitáveis, senão mesmo desejáveis.


O seu limite é a manutenção da genuinidade dos produtos. Enquanto não forem alteradas os processos e os ingredientes que, de facto, contribuem para a especificidade e tipicidade dos produtos, é desejável a modernização dos processos produtivos. Mas, curiosamente, também noutras áreas se verifica a compatibilidade possível entre os “velhos produtos” e as “modernas técnicas”. Siglas e referências como HACCP, ISO 9000, EN 45 011 e outras, acreditação, certificação de empresas, etc., etc., começam a ser linguagem corrente entre o mundo dos tradicionais. E não nos deveríamos espantar com tal já que estamos a falar de produtores com uma enorme experiência produtiva que, senão tivessem as suas empresas organizadas, os seus sistemas da qualidade implementados, os seus provadores credenciados, os seus fornecedores de matérias-primas e serviços acreditados, as suas técnicas para evitar os pontos críticos nas suas empresas, não teriam subsistido ao longo dos tempos.... com os resultados que ainda hoje estão à vista, com milhares de clientes fidelizados. Questão diferente é serem capazes de evidenciar toda esta parafernália de sistemas, técnicas e documentações de suporte para contentamento de algumas regulamentações, quanto vezes desajustadas das realidades e dimensões das nossas pequenas empresas. Mas não devemos dúvidas sobre a capacidade humana e a persistência dos nossos produtores. Quem produz com qualidade e segurança, saberá sempre agradar aos consumidores e evidenciará que a qualidade e a segurança não acontecem por acaso, mas que resultam sempre de um trabalho inteligente. É esta a razão pela qual, ao longo de décadas, senão mesmo de séculos, pela forma local, leal e constante com que são produzidos, os Produtos tradicionais Portugueses têm vindo a granjear tal reputação que são mesmo conhecidos pelos seus nomes, já actualmente com estatuto europeu de protecção Este estatuto europeu não se consegue sem grande esforço e sem demonstrar, de facto, que por detrás de cada nome (geográfico, ou assimilado), está um produto: que tem uma produção real e efectiva (embora a quantidade não seja relevante); que tem uma história, uma reputação e uma notoriedade; que tem modos de produção locais, leais e constantes ao longo dos tempos; que tem características qualitativas intrinsecamente ligadas à região ou local onde tem a sua origem; ou, que tem reputação ou qualidades atribuíveis a tal origem geográfica.


Face ao exposto, julgo ser fácil deduzir que a protecção de um nome geográfico: não estão ao alcance de qualquer produto, só pelo facto de ser produzido num dado local; não é “atribuída”, sendo, pelo contrario, apenas formalmente reconhecidas, já que o seu uso constitui uma prática corrente e um dado histórico; não resulta de uma estratégia comercial (por tantos hoje tentada), de adicionar indevidamente ao nome do produto, o nome da terra onde é fabricado, confundindo o consumidor.


Pese embora o facto de, ao nível da legislação em vigor, os nomes de diversos Produtos Tradicionais Portugueses estarem protegidos contra as utilizações abusivas, contra a concorrência desleal e contra a exploração da sua reputação, o que é facto é que ainda se assiste a toda uma série de atropelos, não tanto contra os nomes protegidos mas contra o consumidor, fazendo-o crer que produtos sem quaisquer características de qualidade ligadas a uma origem ou a um modo de produção, são dos “bons”, dos “legítimos”, dos “verdadeiros”. O uso imoderado de nomes geográficos em produtos que nada têm a ver com a região onde são meramente fabricados, de qualificativos sonoros como “fumeiro tradicional”, “produto caseiro”, “receita da avó”, “tipo alentejano”, “tipo beirão” , “serrano”, “especialidade típica”, “produto tradicional” etc., são práticas comerciais quase sempre abusivas, que lesam produtores e consumidores. Para tentarem marcar uma diferença nítida em relação aos “falsos produtos tradicionais”, os legítimos Produtos Tradicionais Portugueses apresentam-se comercialmente: devidamente rotulados, indicando explicitamente o Nome e a Denominação a que têm direito (DOP ou IGP); com uma marca de certificação, numerada, que garante que o produto foi submetido a uma sistema de controlo ao longo da sua fileira produtiva e que pode ser rastreado até à sua origem; com o logotipo comunitário (cujo uso é, no entanto, facultativo) que pode, apenas, ser utilizado pelos produtores expressamente autorizados para o efeito.


Ana Soeiro


IDRHa


 

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