MISERICÓRDIA DE CARDIGOS DESPEDE FUNCIONÁRIA DA PRÓPRIA TERRA MARIA DE LURDES ROXO MARTINS
Poderia parecer uma história irreal, ou até inacreditável, mas o que a seguir vou relatar, passa-se em pleno século XXI, na freguesia de Cardigos, por sinal, ou ironia do destino, a minha própria terra, (que muito gosto), e com uma das minhas grandes amigas, (não amante, como se diz por aí).
Há uns anos atrás a Lurdes Roxo, para muitos possivelmente mais conhecida, pela filha do ti Zé Cascão, despede-se de Lisboa, ou melhor, despede-se de um Centro de Dia, em que exercia as suas principais funções, em Linda A Velha. Estava decidida a apostar tudo, na sua terra, pois queria trabalhar com os velhinhos da sua terra, área da acção social e que mais tarde se vem a licenciar, (Assistente Social).
Depois de também ter trabalhado na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, de ter um curriculum bastante aceitável, a nossa conterrânea, num domingo na missa do dia e ao ouvir o Senhor Padre Albino, dizer que se encontravam inscrições abertas para a Misericórdia de Cardigos, nomeadamente, para trabalhar com crianças, naquele que vem a ser mais tarde o ATL, no Carvalhal. Lurdes Roxo, pensa então, ter chegado a sua oportunidade e decide candidatar-se. Por sinal, a vaga até foi para si. Na altura, era Provedor, o Senhor Américo Pires, natural das Casas da Ribeira.
O ATL, tinha como objectivo, ocupar as crianças nos tempos livres e como é óbvio, uma mais valia para Cardigos. Os tempos vão passando, a Lurdes Roxo, com a sua força de vontade, vai estudando, deslocando-se várias vezes a Lisboa, para ir assim valorizando-se profissionalmente. É óbvio, que problemas há em todo o lado, é preciso tentar encará-los e por vezes ir resolvendo os mesmos da maneira que nos é possível.
Mais tarde, ocupa o cargo de Provedora, a Menina Catarina Pequito. Passado algum tempo, começam a surgir alguns problemas, nomeadamente, segundo ditos na altura, a Santa Casa, passa por algumas dificuldades financeiras. Ajuda na parte da contabilidade, o Senhor Chico Zé dos Vales, até aí tudo bem! O voluntariado é coisa que dá trabalho e de facto não é qualquer pessoa que se presta a esse tipo de serviço, sem qualquer gratificação monetária. Devido à situação financeira da Santa Casa, que parece na altura, estaria a passar por algumas dificuldades, o objectivo foi então tentarem baixar o ordenado à Lurdes Roxo, (o que na realidade não veio a acontecer), proposta essa feita pelo digníssimo Francisco José, dos Vales, que na altura ajudava na contabilidade e organização da instituição).
Quando me foi relatado tal facto, não interessa por quem, liguei a esse Senhor, (que pensei eu um dia, ser meu amigo), disse-lhe que não deveria tentar prejudicar a Lurdes Roxo e disse-lhe algumas verdades que ele não gostou de ouvir. Reconheço, que na altura exaltei-me e fui um pouco indelicado com ele. Eu exercia o cargo de Presidente da Assembleia de Freguesia, e foi em prol de Cardigos e do bem estar dessa instituição, que assim agi e me meti no assunto, tentando minimizar as coisas, que em nada iriam beneficiar o bom nome da Instituição, as crianças do ATL e as gentes da nossa terra.
Passados uns dias, houve uma reunião na Assembleia de Freguesia de Cardigos, a qual eu iria presidir. Ao chegar à Pracana e ao encontrar a Senhora Provedora ao dar-lhe a salvação, não obtive resposta, (o que considero um acto lamentável e de falta de educação). Na dita reunião da Assembleia, essa Senhora não apareceu, dizendo-me mais tarde, que o fez de propósito). Chegado a Lisboa, telefono à digníssima Provedora, na altura estive mais de meia hora ao telefone a tentar esclarecer as coisas. Disse-lhe, que não a ofendi, que sempre tive por ela uma enorme consideração, e que sempre fui seu amigo. Respondeu-me, que não me devia ter intrometido em tal assunto, (aí até compreendo), disse-me que fui mexer com uma família, que muito prezava e gostava, tentei explicar-lhe toda a situação, mas nunca o quis compreender! Disse-lhe, que só tentei apaziguar os problemas, e, que não era nada bom para Cardigos, até pelo cargo que ocupava de Secretária na Junta de Freguesia. Disse ainda, que a conversa não foi consigo, pedi desculpas, mas essas nunca foram aceites.
Deixou de me falar, mas eu sempre que a encontrava, dava a salvação, mas quase nunca obtia resposta. Começa então uma guerra, que em meu entender, não levaria a nada. Uma GUERRA, que eu nunca quis pactuar, um mau estar que chega também à Assembleia de Freguesia, pois muitos me condenaram sem sequer ouvirem a minha versão. Renuncio então ao cargo que ocupava naquele órgão, não tinha mais condições para continuar. Também à Lurdes Roxo, (que não teve culpa nenhuma), criaram um grande mau estar, naquele lugar, que era o seu ganha-pão, e que mais tarde, (agora recentemente, vem a ser despedida). O ATL, de facto fechou, mas esta funcionário pertencia aos quadros da Misericórdia, entretanto, num passado recente tinha obtido uma licenciatura, estava mais valorizada, até porque a Santa Casa, como todos sabemos, (e oxalá que isso aconteça), vai crescer, vai possivelmente necessitar de mais funcionárias e de uma boa Assistente Social, até porque se trata de uma filha da terra, a quem deveria, em meu entender, ser dada uma oportunidade e nunca o seu despedimento.
Saliento, que esta instituição de carácter social, tem actualmente, uma Assistente Social, residente no Pego, mas que é muito mais nova na casa do que a própria Lurdes Roxo. Será que a Lei, foi aqui bem contornada? Ou será que não foi uma vingança pessoal, contra mim? São apenas duas perguntas que aqui ficam!
Nunca me arrependi do bem que fiz, pois o bem que fazemos possivelmente um dia ser-nos-á dada a recompensa.
Fui um grande amigo da menina Catarina Pequito. Quando da minha passagem por Mação, (CMM), esta Senhora leccionava também a disciplina de Região e moral, na Escola de Mação, por vezes compartilhávamos o mesmo carro, nas idas e vindas da Pracana para Mação. Cheguei a ficar à sua espera, diversas vezes, das 17:30, hora em que saía, até às tantas, devido a reuniões que a mesma tinha, ainda me lembro, que ia até ao café, depois ia para o carro, o tempo não passava, mas não queria que às tantas da noite a Senhora fosse sozinha. Pedi-lhe por tudo em 2001, que fizesse parte das listas do PSD, aos primeiros lugares da Assembleia de Freguesia, desloquei-me várias vezes consigo a reuniões e ultreias em diversos locais da zona, pois ambos somos cursistas.
Disse-se de mim as piores coisas, lá na zona, chamaram quase tudo, fui ignorado, desprezado, criticado e pergunto, que mal fiz eu? Bem diz o nosso ditado, que o diabo, sempre dá a paga a quem o serve. Quero aqui salientar, que não sou perfeito, erro como toda a gente e peco como qualquer pecador. Detesto injustiças e guerras, que não nos levam a lado nenhum, mas temos que saber respeitar o próximo, ouvir a sua opinião. Guerras de mais já há no mundo! Já há tanta injustiça, tanta ingratidão. Penso, que é da nossa competência, tentar criar à nossa volta, o bom ambiente, a lealdade, a justiça e o bem estar de cada pessoa. Quando pensamos que sabemos tudo e temos sempre razão, já estamos a errar. O mundo é de todos nós, é de cada um! Deus é o mesmo, ama-nos a todos, mas por vezes, não lhe sabemos agradecer, o amor que Ele nos tem.
Resumindo, parece que as coisas na Misericórdia, (atenção, digo parece
), não andam lá muito bem, pois uma funcionária tem um processo contra a instituição, o que em nada abona a todos nós. Foi a Lurdes Roxo, que foi a condenada, perdendo assim o seu emprego, um bem tão precioso, nos dias de hoje. A seu cargo tem 2 filhos, que têm o direito à vida e a condições mínimas de sobrevivência.
Tenho em meu poder uma carta, que nos escreveram nas eleições passadas, dizendo que havia gente que queria ir para Cardigos, para ocupar certos lugares para abusar do poder. Afinal de contas quem abusa? Deixem-me dizer, que o nosso povo e suas gentes merecem muito mais!
Recentemente, A CMM, acaba de multar Ivo de Jesus Dias, em cerca de 500, como todos sabem, candidato à Junta de Freguesia de Cardigos, por uma obra, mísera, que ele após a chamada de atenção por parte da fiscalização da CMM, legalizou, com projecto e tudo. Ele foi a vitima que se seguiu, após o conhecido caso Francisco Branco do Carvoeiro. Será isto democracia? O meu amigo João Paulo Almeida, através do Jornal O Independente, tem sido massacrado e QUEIMADO por situações que nem sequer o convocam para ele esclarecer, as tais ditas ajudas de custo da Assembleias Municipais. Vamos ser justos, vinganças para quê, antes de condenar os outros deveríamos primeiro, fazer uma análise a nós próprios, há tanta ilegalidade escondida, mas infelizmente não há provas. Acredito sinceramente, que um dia a verdade e a justiça virão ao de cima. Deus é justo e escreve direito por linhas tortas.
Vou terminar, que fique claro, que não odeio ninguém, e este artigo, não é vingança ou ofensivo para ninguém é apenas a minha opinião que aqui relatei, acredito que um dia a verdade virá ao de cima, pelo orgulho que tenho em ser de Cardigos e pela amizade de muitos, que para mim é muito importante na vida. À Lurdes Roxo, quero desejar as melhores felicidades do mundo e que em breve encontre um emprego. À Misericórdia de Cardigos, desejo também felicidades, que cresça e que sempre se empenhe em tratar com amor e carinho, os nossos velhinhos, que aí passam a maior parte do seu tempo e onde possivelmente serão os últimos dias, nesta que é para todos uma passagem por este MUNDO.
Um abraço Vitor Silva