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Central Termoeléctrica de Mortágua (em funcionamento)
O único exemplo em Portugal de produção de electricidade utilizando como principal combustível a biomassa é a Central Termoeléctrica de Mortágua, localizada na zona Centro do País, na margem direita da albufeira da Aguieira.
A Central Termoeléctrica de Mortágua começou a operar em Agosto de 1999, estando projectada para o escoamento de cerca de 80.000 toneladas ano resíduos florestais queimados numa caldeira de 33MWth. Em 2002 esta central consumiu cerca de 70.000 toneladas de Biomassa e em 2003 o consumo foi superior a 80.000 toneladas.
A Central tem uma potência instalada de 10 MVA 9 MW e foi projectada para entregar à rede de distribuição de energia eléctrica cerca de 60 GWh por Ano, permitindo abastecer uma população na ordem dos 35 mil habitantes.
Características técnicas
- Potência instalada: 9 MW (10 MVA)
- Tensão de geração: 6 KV
- Tensão de emissão: 60 KV
- Produção anual a plena carga: 63 GW/h
- Consumo de Biomassa (para o grau de humidade de 30%) consumo horário (plena carga): 8,7 T/h
- Poder calorífico inferior: 13.800 KJ/Kg
- Capacidade do parque de combustível: 55.000 m3
Característica do vapor sobreaquecido:
- Pressão: 42 bar
- Temperatura: 420 ºC
- Caudal: 40 T/h
- Consumo de água: 60 m3/h
Valores de emissão garantidos na central/ Valores limite de aplicação geral
- Partículas: 100/300
- Dióxido de Enxofre (SO2): 300/2700
- Óxido de Azoto (Nox) como NO2: 340/1500
- Monóxido de Carbono (CO): 200/1000
Dioxido de Enxofre (SO2)
Origem do Dióxido de Enxofre (SO2)
O Dióxido de Enxofre é um gás incolor, detectável pelo odor e pelo sabor.
Quando tem origem na actividade do Homem, é um poluente primário, resultante essencialmente da queima de combustíveis fósseis e de diversos processo industriais. A sua origem natural é resultado da actividade vulcânica.
O enxofre (S) libertado na queima de combustíveis combina-se com o oxigénio do ar, dando origem ao SO2 que, após oxidação, é transformado em trióxido de enxofre (SO3). Este, na presença de humidade, dá origem ao ácido sulfúrico (H2SO4) e respectivos sais, contribuindo assim para a formação de chuvas ácidas, responsáveis pela acidificação das águas e solos, bem como pela ocorrência de lesões nas plantas.
Efeitos do Dióxido de Enxofre (SO2)
O SO2 é um gás irritante para as mucosas dos olhos e das vias respiratórias, podendo ter, em concentrações elevadas, efeitos agudos e crónicos na saúde humana, essencialmente ao nível do aparelho respiratório. A presença simultânea na atmosfera de SO2 e partículas pode potenciar ou agravar os efeitos de doenças respiratórias crónicas, ou aumentar o risco de doenças respiratórias agudas. Pode também contribuir para o fenómeno das chuvas ácidas como foi referido anteriormente.
Nas plantas expostas ao SO2 podem registar-se alterações dos processos metabólicos, dificilmente visíveis, e outras mais facilmente observáveis, das quais se destacam a redução da taxa de crescimento e da actividade fotossintética, o aparecimento de necroses, bem como o aumento da sensibilidade ao gelo e aos parasitas.
A deposição seca e húmida do SO2 e dos aerossóis sulfurados sobre os materiais provoca a sua corrosão e acelera os processos naturais de envelhecimento e degradação.
Óxidos de Azoto (NOx)
- Origem dos Óxidos de Azoto (NOx)Os compostos de azoto mais importantes como poluentes atmosféricos são o monóxido de azoto (NO) e o dióxido de azoto (NO2).
Os NOx formados naturalmente provêm de transformações microbianas nos solos e de descargas eléctricas na atmosfera. Quando de origem humana, são essencialmente resultantes da queima de combustíveis a altas temperaturas, quer em instalações fixas, quer nos veículos automóveis (principal fonte nas áreas urbanas). Na maior parte das situações, o NO emitido para a atmosfera é posteriormente transformado em NO2 por oxidação fotoquímica.
O NO2 é um gás acastanhado facilmente detectável pelo odor, muito corrosivo e um forte agente oxidante. O NO é um gás incolor, insípido, inodoro e pouco tóxico.
Os NOx emitidos para a atmosfera podem transformar-se em poluentes secundários tais como o ácido nitroso (H2NO2), o ácido nítrico (H2NO3) e os respectivos sais, contribuindo para a ocorrência de chuvas ácidas.
Conjuntamente com os compostos orgânicos voláteis (COV), os NOx são ainda responsáveis pela formação de oxidantes fotoquímicos, dos quais se destaca o Ozono (O3).
Efeitos dos Óxidos de Azoto (NOx)
O NO2 é, de entre os NOx, o mais perigoso. Dependendo da sua concentração no ar ambiente e a duração da exposição, o NO2 pode provocar lesões, reversíveis ou irreversíveis, nos brônquios e alvéolos pulmonares. Em doses elevadas pode provocar edema pulmonar e, em concentrações mais fracas, bronquite crónica e efisemas.
Os NOx têm igualmente efeitos negativos sobre a vegetação, nomeadamente no desenvolvimento das florestas e culturas agrícolas. Estes efeitos são ainda mais acentuados quando se encontram presentes em simultâneo com o SO2.
Os materiais sofrem também efeitos negativos em especial os polímeros naturais e sintéticos.
Monóxido de Carbono
O monóxido de carbono (CO) é um gás muito tóxico, mas inodoro, incolor e insípido, que se mistura facilmente no ar ambiente de uma habitação, sem que as possíveis vítimas tenham consciência de estar expostas a uma atmosfera susceptível de provocar intoxicações e mesmo a morte.
Intoxicação por CO
Penetrando no organismo através da respiração, o monóxido de carbono entra com facilidade nos pulmões e no sangue, combinando-se com a hemoglobina e dificultando o transporte de oxigénio para os tecidos. Existem dois tipos de intoxicação:
· a intoxicação crónica, cujos sintomas são dores de cabeça, náuseas, vómitos e cansaço, a qual se poderá desenvolver de forma lenta e afecta pessoas habitualmente expostas à concentrações elevadas de CO.
· a intoxicação aguda, que provoca vertigens, fraqueza muscular, distúrbios visuais, taquicardia, perturbações de comportamento, desmaios e , no limite, o coma e mesmo a morte.
O que são as dioxinas?
As dioxinas são moléculas complexas, produzidas em processos químicos que se realizam a temperaturas elevadas e envolvem cloro, carbono e oxigénio. Existem mais de 210 tipos de dioxinas.
São as seguintes as principais fontes de produção de dioxinas:
combustão dos lixos municipais e hospitalares;
combustão da indústria química e da metalurgia;
combustão de lixos industriais e resíduos de produtos agrícolas (embalagens de pesticidas, por exemplo);
produção térmica de electricidade;
branqueamento de papel, quando o branqueador utilizado é o cloro;
encontram-se vestígios em alguns herbicidas.
Estas moléculas libertam-se para a atmosfera, pousam no solo, são arrastadas pelas chuvas e acabam nos rios e no mar.
O impacto das dioxinas na saúde humana
As dioxinas são subprodutos não intencionais de muitos processos industriais nos quais o cloro e produtos químicos dele derivados são produzidos, utilizados e eliminados. As emissões industriais de dioxina para o meio-ambiente podem ser transportadas a longas distâncias por correntes atmosféricas e, de forma menos importante, pelas correntes dos rios e dos mares. Consequentemente, as dioxinas estão agora presentes no globo de forma difusa. Estima-se que, mesmo que a produção cesse hoje completamente, os níveis ambientais levarão anos para diminuir. Isto ocorre porque as dioxinas são persistentes, levam de anos a séculos para degradarem-se e podem ser continuamente recicladas no meio-ambiente.
A exposição humana às dioxinas provem quase que exclusivamente da ingestão alimentar, especialmente de carne, peixes e laticínios. Exposições extremamente altas de seres humanos às dioxinas que acontecem, por exemplo, após exposição acidental/ocupacional, juntamente com experimentação em animais de laboratório, mostraram efeitos de toxicidade no desenvolvimento e reprodutiva, efeitos sobre o sistema imunológico e carcinogenicidade. Mais preocupantes ainda são dados de estudos recentes que mostram que as concentrações das dioxinas no tecido humano na população de países industrializados já estão ou estão próximos dos níveis nos quais os efeitos sobre a saúde podem ocorrer. Pesquisas recentes sobre os efeitos das dioxinas sobre a saúde indicam os seguintes pontos:
- A evidência mostra que em peixes, aves, mamíferos e seres humanos, os embriões/fetos em desenvolvimento parecem ser muito sensíveis aos efeitos tóxicos da dioxina. Os efeitos no desenvolvimento de seres humanos observados após alta exposição acidental ou ocupacional às dioxinas incluem: mortalidade pré-natal, crescimento reduzido, disfunção dos órgãos envolvendo efeitos no sistema nervoso central tais como prejuízo do desenvolvimento intelectual, alterações funcionais incluindo efeitos sobre o sistema reprodutivo masculino. Para os animais adultos, os efeitos sobre o sistema reprodutivo requerem doses efetivamente tóxicas, contudo, os efeitos sobre o organismo em desenvolvimento ocorrem em doses mais de duas ordens de magnitude menores que as que seriam tóxicas para a mãe.
- Estudos seres humanos demonstraram que alguns dos efeitos, como por exemplo alterações celulares no sistema imune, alterações nos níveis do hormônio masculino testosterona e alterações em outras enzimas e hormônios, podem estar ocorrendo nos (ou próximo dos) níveis actuais de carga corporal de dioxinas encontradas na população em geral dos países industrializados. Tais efeitos poderiam levar a consequências adversas sobre a saúde humana. Membros da população que sofrem uma exposição à dioxina acima da média, por exemplo com uma dieta rica em carne de peixes ou mamíferos marinhos, têm risco maior de efeitos adversos como a redução da contagem de espermatozóides, prejuízos ao sistema imunológico e endometriose nas mulheres.
- Os efeitos biológicos das dioxinas parecem depender mais da concentração presente no órgão-alvo durante um período de tempo crítico do que da dose. Experimentação em
animais mostrou que a exposição a doses muito baixas de dioxina durante períodos de tempo extremamente curtos durante fases criticas da gestação é suficiente para causar efeitos prejudiciais à saúde do feto.
- Em países industrializados, os níveis de dioxina encontrados no leite materno frequentemente resultam em lactentes com um TDI excedendo em muito os valores propostos pela OMS. Isto torna-se ainda mais preocupante quando se considera que as avaliações dos riscos à saúde causados pelas dioxinas não leva em consideração outros produtos químicos, como os bifenis policlorados (PCBs) aos quais os seres humanos estão expostos. Os efeitos que estes produtos químicos têm sobre determinadas áreas da saúde podem ser aditivos ou sinérgicos aos da dioxina, ou seja, produzem um efeito maior do que o esperado por simples adição.
Estudos de exposição ocupacional/acidental à dioxina em seres humanos, juntamente com os estudos em animais, evidenciam que a dioxina causa câncer em seres humanos. A agência internacional para Pesquisa do Câncer (IARC) declarou que a 2,3,7,8 TCDD é um carcinógeno humano reconhecido desde 1997. A EPA dos Estados Unidos estimou que a exposição ambiental atual da população em geral resulta em risco de câncer variando de 1 em 1.000 até 1 em 10.000.
Alertar os Cardiguenses para o que de menos BOM tem a Central é uma obrigação. Façam-se ouvir, e digam se querem a Central ou não? Estão todos convocados para assistirem à próxima Assembleia Municipal no próximo dia 18 de Setembro às 16 horas, onde vai ser dado o primeiro passo rumo à Central de Biomassa.
Um Abraço,
Luis Sergio Silva
NOTA: Este artigo reflecte apenas e só a minha posição pessoal e não vinculam o PS/Mação em relação ao tema, hoje estou dividido entre o interesse económico do concelho e a saúde dos seus munícipes. Neste momento não tenho ainda um sentido de voto formado, e só o posso ter ouvindo as pessoas. Afinal de contas elas votaram e confiaram em mim, por isso não tenho o direito de decidir em nome delas sem as ouvir, por mais engulhos políticos que isto posso trazer. Agindo desta forma estou com toda a certeza a romper com os hábitos criados ao longo de 30 anos. Não aceito a pressão dos lobbies, que fique bem claro.